quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lua e dor: noite de quarta-feira.

Evito olhar a lua
Pois ela faz pensar demais
Pensar em mim
Pensar em você
Pensar em nós
Mas pensar em nós dói

Pensar em você é bonito
Seu rosto entre as flores
Seu sorriso entre a brisa
Seus lábios entre os meus
Logo, penso em nós
Nenhum pensamento me vem
Houve um dia, por ventura, nós?
Sempre fora você e eu
Nunca nós
Assim, completamente heterogêneo

Sabe... Meu coração dói
Por sempre almejar você
E nunca possuir nós
Mas nós dói

E eu estou sozinha...
Eu...
Você
Nós
Nós não, por favor, porque nós dói.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

38D

Aqui, nesse banco de ônibus
Escrevo esses versos
Choro essas lágrimas
Há de alguém ter chorado aqui um dia
Nesse mesmo banco que chorei

Coração esse meu
Que dói sentido Taboão
Razões essas minhas
Tão banais perto da crise deste mundo
Contudo tão forte quanto elas
Em minha alma dói.
Já perto do Campanário
Poucas lágrimas me restam
Talvez mais algumas amarguras
E sempre vastas decepções

Talvez devesse descer no próximo ponto
Nessa rua desconhecida
Entrar naquele bar
E pedir uma dose de whisky com coragem

Aqui, neste banco de ônibus
Na longa Baependy
Sinto sua falta.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Setembro.

Espero que você me dê presentes, surpresas e flores. Que a felicidade não seja passageira, que se instale e crie raízes. Vou aconchega-la, da-la o que comer e dormir. Ser amiga e amante. E quem sabe, felicidade, eu poderia desposa-la.

Entre 7 e 5:30.

Céu liso, céu liquido
Sem nenhuma nuvem
Apenas uma estrela
Céu azul, céu profundo
Que manda a brisa fria
Que me acaricia o rosto
Que me explora a pele amostra
Impregna-se com meu cheiro
E o leva embora
Para junto do mar

Lua pálida, lua crescente de Setembro
Em forma de sorriso
Uma boca de um único lábio
Lábio prateado
Cujo beijo eu cobiço

Noite calma, noite quente de inverno
Noite azul que me acolhe
Envolvendo-me e preenchendo-me
Enche meus pulmões
Com esse ar puro das 19:30
Entorpece-me até a 00:00
Embalando-me em seu cobertor
De infinita escuridão e algumas estrelas
E arrebata-me em um sonho doce
Onde flores cantaram para mim
Pois às 5:30 tenho um encontro com o sol.

sábado, 11 de setembro de 2010

Epístola.

A carta cheirava a pólvora. Amarelada, como quem a guardava há anos. Virgem, esperou por tempos a ter seu conteúdo revelado. Cartas gostam de ver nossas reações ao ler os fatos que são confiados. Gabriela não se maquiara para lê-la, já previa as lágrimas que derramaria. Sem luxo, usava apenas brincos pretos, presente do autor da carta.

Então silêncio. Soluço. Vertigem. Amargo gosto do desespero. Estranha sensação de vazio.

Adeus e Te amo nunca foram homogêneo.

Quem ama não parte... Quem francamente ama cria raízes ao lado da cama da pessoa amada.

Lágrimas de cristal enrugavam a carta escrita há cinco anos.
Então silêncio. Soluço. Vertigem.

Dilacerando... Dissolvendo...

Silêncio.

Dor.

Sob a sombra das palmeiras.

Brisa quente que me cala
Sob a sombra das palmeiras
Deixe uma folha cair
Tocando-me na fonte
Traga-me lucidez
Dá-me amor verdadeiro

Que caia outra também em meu coração
Sondando-o, dê a ele paz
Multiplique suas forças
Francamente lhe diga que tudo está bem
Dê-lhe também asas
Para que, por cima do lago das minhas tristezas, voe
Dê-lhe amor verdadeiro

Que pouse outra em meus lábios
Beijo com gosto de solidão
Minha boca arde – solidão queima
Voe para longe, folha que me beijou
Apenas dê-me amor verdadeiro.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sentimentos e Emoções.

De tudo se concebe a surpresa, e de chocado é conseqüência trazer tristeza, a onde nasce uma lágrima, que escorre pela face de seda e morre nos lábios que sorri que sorri por felicidade do amor correspondido, trazendo consigo a ansiedade de ter contigo os batimentos do coração que pulsa de raiva ao ser contrariado, protestando com as veias que esvaia o sangue que mancha o asfalto, despertando nos passantes susto, contido na garganta um grito, lamentando o nosso presente destruído que não causa inquietamento nos políticos, que jura nossa proteção, mas nos desperta medo e o esquecimento da esperança que desmancha o brilho dos sorrisos que almeja um abrigo nos semblantes entristecidos, do qual em conceição surge novamente a lágrima que se torna amiga do brasileiro, que se preocupo com pouco e de pouco se faz a verdade que quase não há lugar nos lábios que se curvam num falso cumprimento para os olhos da criança carente, que pouco os dentes são expostos num sorriso furtado pela infância arrebatada pela dor que veste o peito feito de curativos para esconder as cicatrizes que o tempo desferiu, quando o ponteiro errou marcando a hora errada e o dia errado em que a noiva perdeu seu relógio, e na gravata do rapaz deixou uma lágrima, dando início ao sofrimento que usa uma chave de ouro para libertar a melancolia que acerta em cheio, desfazendo os remendos, mas desperta o orgulho que avisa a alegria que já é hora de acordar e combater a constante lágrima que tudo almeja destruir, e pede também que chame a coragem para estimular os sentidos a combater os fantasmas para fazer dos dias renascimento das cinzas, pois rir e chorar é um privilégio de quem está vivo.

Diálogo Lacrado.

"Eu não posso te amar."
"Não mereço teu amor?"
"Simplesmente sou incapaz de amar outro alguém."
"A quem teu coração pertence?"
"Não vem ao caso."
"Posso amar por ambos."
"Seria injusto."
"Injusto é não deixar amá-lo. Não peço nada em troca."
"Há de exigir quando se sentir vazia."
"É amor demais para existir solidão."
"A solidão é mais infinita e densa do que o amor."
"Nada se expande mais do que o amor."
"Prometeu não me amar."
"Qual ser humano que não quebra promessas?"
"Você não se esforçou."
"Deus sabe como me esforcei!"
"Não o suficiente, tanto que está aqui, confiando-me amor."
"Quer que eu vá embora?"
"De maneira alguma!"
"Dói-me o coração."
"Por que não vai?"
"Por medo."
"De que tem medo?"
"Medo de cair no esquecimento."

Pequena Alice.


Pequena Alice mais parece gente do que irracional. Mia quando faminta e protesta sua solidão. Sai pela janela e quando volta, com os olhos esbugalhados, chega falante comunicando as novidades. Pequena Alice também é exigente; não acenda a luz e atinja-a com os raios da aurora, com os olhos preguiçosos, chama sua atenção por ter lhe arrancado do seu nobre sono. Pequena Alice também gosta de lamber; lambe cá, lambe lá, suas patas, sua barriga e suas costas. Gosta também de desferir lambidas ásperas em narizes alheios e lamber os beiços em satisfação. Mas pequena Alice não é uma criaturinha amigável; quando de mau humor mostra as unhas e lhe põe medo. Porém, pequena Alice tem seus tempos floridos; quando deita perto de sua respiração e apóia as patinhas alvas bem perto, dizendo no gesto singelo “Ei, eu estou aqui com você, viu?”. E ainda por cima, pequena Alice pensa que é Lady; mimada, acha que é da realeza, e quer tudo feito conforme seus anseios reais, e até mesmo exige uma cadeira a mesa, e contente, lambe novamente os beijos por possuir tantos subordinados. Mas pequena Alice é companheira; segue-te por todo canto, inclusive no banho, e fica de vigia em seu pedestal: a privada. Pequena Alice também caça muito bem; moscas, baratas, ratos e até mesmo sombras. Pequena Alice, ou Alicia, tem dado cor a minha vida há três anos, e vai colori-la como um livrinho infantil por muitos anos a fio, se assim permitir o papai do céu dos animais.